sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Seu aniversário

E então a data se repetia pela terceira vez. Da qual não se repetiu envio de cartões, cartinhas com declarações inocentes e abraços calorosos no corredor. Tracejando a cena de um filme água com açúcar qualquer.

Você vê no que me transformei? Ou o que aquilo que tínhamos – ou eu assim pensava – me transformou? Pelo simples fato de existir por um momento. Eu me odiava por isso. Por lembrar aquela data toda vez. Por citar em voz alta o que ela significava e desejar esquecê-la para sempre: como você o fez no ano anterior, quando uma mera data era importante demais pra mim. Tanto que passou e eu nem vi.

É engraçado como eu sempre volto a escrever quando tenho uma dose tua na minha vida. Correndo no meu sangue um pouco de você. Mesmo que isso não signifique mais. Mesmo que isso depois de um tempo tenha me custado a redenção.

É estranho pensar que o tudo, de uma hora para outra, para mim é nada. E continua sendo. Por mais que eu negue e afaste da mente. A gente mente. Somente. Demente. Mentira que cala qualquer cisco de dor que poderia causar a intervenção mais doentia sua no meu presente – aquela do nada. Justo quando tudo estava indo bem.

Teste de sanidade. Como se eu tivesse idade para pensar em tal hipótese. Como se três anos fosse muita coisa – e o é, dependendo da referência. Vê as mudanças ocasionadas nessas datas repetidas? Tão amargas e ressentidas. Que nem valem o desejo de comemorá-la. Nem vale a vontade de dizer que eu lembrei e torci o braço para não dizer.

Meus parabéns.

Março de 2011

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