segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Ciso

Olhou com certa incredibilidade. O riso aflorou naturalmente. Gargalhou.
Aquela vida não era minha!
Reconheceu um por um. Investigou. Atropelou o passado alheio.
Que linda!
Os olhos pareciam os meus. A pele branca. Quem era aquele ali?
Você? Verdade? Não mente!
Há há há há há
Não pode ser verdade.
O que é isso escorrendo do olho? Choras?
É saudade. De algo que não vivi.
Não estava ali, mas podia estar. Sobrevivi.
E cá estou: cadê os olhos cor de mel? Que o tempo apagou.
Que o vento carregou para longe. E esse moicano desengonçado?
Corte da moda, no estilo Neymar.
Há há há há há
Não pode ser real. Eu estava lá, podia ver. Tá vendo ali? O conhecia.
Olha bem na multidão! Pro lado, anda! Eu sempre estive ali.
E aqui.
E agora?
A risada ecoa pela sala vazia. Não para. Não para.
O riso escorre pelo assoalho empoeirado.
É linda! Não vive mais! Não sobreviveu.
O riso cessou.

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