terça-feira, 13 de abril de 2010

Estranha companhia

Elas pareciam brotar de toda parte. Era só terminar o café e brincar com as migalhas de pão decorando a toalha de mesa suja com molho de tomate do almoço, que lá estavam elas. Era a preocupação do trabalho, em terminar de digitar os afazeres, era deixar a xícara de café com aquele açúcar derretido ao fundo, que a aparição era inevitável.
Sentava no sofá para assistir o jornal do meio dia, e logo a companhia aparecia tocando os braços, passeando pelos dedos. Até mesmo na hora de escovar os dentes, antes de fitar o reflexo, observava a movimentação no encontro das paredes logo abaixo do armário embutido. Eram infernais. Questionava como e de onde surgiam, por que me perseguiam.
Nunca vislumbrei algum mini pára quedas suspenso no ar parado do cômodo sem ventilação. Mas elas visitavam, sempre que podiam, com a mesma inconveniência a qual estavam acostumadas. Não sabia se era pelo fato do tempo estar mudando, do frio estar chegando. A necessidade de abrigo era brusca.
Tenebroso, embora nunca tenha feito algum mal, a presença incomodava até demais. E não há remédio que cure, que as faça sair por onde vieram. Não há saída fora a convivência. Ou eu em casa, ou elas – a escolha era justa. A rendição foi instantânea: saí.
A casa precisava ser dedetizada, com urgência. Malditas formigas!

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