quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Bolo e guaraná

Tomei-o em minhas mãos trêmulas, fitando aquela luz que dançava diante de meus olhos iluminando todos os pontinhos coloridos não só dos confeitos, mas também de toda uma vida. O dia ímpar por natureza dos fatos se tornava mais diverso a cada minuto que somava as vinte e quatro horas daquela data – e sei que muito me aguardava por todo aquele amanhecer, entardecer e anoitecer. Até que a madrugada caísse, eu já não seria a mesma.
Pensando se desejaria algo, avistei na penumbra vários rostos familiares – daqueles que realmente desejaram de todo o coração. Eu queria fazer um pedido assim, do fundo da minha alma, como se pelo fato de suplicá-lo ele se tornasse real. Sorri como teria sorrido aos meus quatro anos de idade, enquanto pedalava aquela bicicletinha cor-de-rosa. Vários outros flashes tomaram conta da situação, como se de repente eu fosse a principal espectadora de minha bagagem.
Risadas ecoavam, mutações aconteciam, e por mais rápido que tenha passado eu consegui vislumbrar todas as faces que se foram e as que permaneceram – todos me encorajavam a pensar em algo bom e assim apagar toda aquela chama de uma vida acesa. A cera derretia com o passar dos minutos e escorria sob os açúcares coloridos. Meus olhos marejados já não identificavam os vultos e as cores, era tudo um borrão.
Em um sobressalto sentei assustada, olhando para a parede escura. Algo cantarolava ao meu pé, fazendo com que eu me livrasse de todas as roupas jogadas por cima do criado-mudo, buscando algo que identificasse aquela movimentação. Consegui encontrar, por conta de um feixe de luz cantante, meu aparelho celular. Atendi sonolenta, e então percebi o sonho que tive – na verdade não o era só relances em mente de um bolinho enfeitado. A ficha caiu depois de desligar o telefone, foi o bastante para que eu compreendesse os meus dezoito anos alcançados.
Notei que ainda era madrugada e deitei novamente.
Fechei meus olhos como se fosse a última vez que o faria e assoprei a vela, desejando que tudo dali em diante fosse diferente.

3 comentários:

  1. nussa...
    mto massa ana, vc tem futuro viu.
    Parabéns pelo seu dia e sei que vai conseguir alsar voos altos e sei que vc tem futuro.
    Continue escrevendo, sou seu fã nº 0

    Bjs, fik c Deus

    ResponderExcluir
  2. Senti isso, algum tempo atrás. Belo texto Ana. :*

    ResponderExcluir
  3. não sei se já te falaram isso... mas vc ta ficando boa nisso viu !! shseueahuashueasuas ;***

    ResponderExcluir