domingo, 30 de maio de 2010

Voltando atrás

Achei que era brincadeira, coisa de gente velha falar que o tempo encurta com o passar dos anos. Mentira deslavada afirmar que passar manhãs e tardes no colégio iria fazer falta. Quem foi que disse que eu precisaria da tal da física para o curso que eu pretendia? Ahh, quando eu fizesse 18 anos, tudo seria diferente. Seria sim, tudo mais bonito, eu seria gente grande. Poderia dirigir e entrar nos lugares que eu quisesse. Estudar para a faculdade que eu escolhi depois de tanta matéria chata no ensino médio. Uniforme? Nunca mais teria de usar, o do colégio não. As amizades continuariam as mesmas, melhor ainda, aumentaria o ciclo de amizades. O sonho estava prestes a se concretizar com a minha formatura do “terceirão”. Outro caminho, outras histórias. Esperei tanto para poder dizer que... A decepção veio com os anos adiante meus 17.
Se estou com quase-dezenove e cabeça de sessenta, eu não sei dizer, mas preciso imediatamente de uma fórmula que transforme as 24h em 36h, no mínimo. O sono nunca foi um bem tão precioso, e tão raro. Custo acreditar que sinto falta de manhãs e tardes, vestindo o uniforme azul marinho e branco com a mochila repleta de apostilas nas costas. Hoje, se pudesse, ficaria até noites em claro no colégio estudando física, química e matemática.
Passaram-me uma rasteira. Por que esperei tanto os 18? Queria tanto voltar aos 14. É sempre assim? Esperamos chegar a um ponto para voltarmos? Triste pensar que voltar, a partir de então, apenas por fotos espalhadas pela cama, lendo as provas antigas feita às pressas porque não tinha estudado. Saudade aperta o peito ao passar por aquela mesma calçada, ver que nada lá dentro mudou... Mas que não posso mais desfrutar daquele ambiente. Só restam as lembranças.
Dirigir nunca me pareceu tão necessário. Uma necessidade, e não uma diversão como pensava que seria. E a carteira ainda não veio. Apesar de tudo, não tenho pressa. São tantos acidentes, tantas histórias que ouvimos... A imprudência no trânsito não é mais da boca pra fora, é real e faz inúmeras vítimas. O hábito de ler isso a todo instante, fez do absurdo, cotidiano.
Enfim, as amizades. Ah, com 18, festaríamos horrores! Sairíamos todos os finais de semana, nos encontraríamos em barzinhos tomando cerveja legalmente (agora não precisava pedir para alguém “de maior” comprar!) e cada um compartilharia do universo universitário que agora vivemos. Até a formatura, sairíamos sabendo, além do próprio curso, mais uns três ou quatro. A certeza de que a amizade vingaria minguou. É claro que o carinho e a consideração permaneceram intactos... Mas o contato, quanta diferença. Trocamos as baladas por raros telefonemas. Os bares e a cerveja por um recado de Orkut a cada... Sei lá quanto tempo. A desculpa? Esse mesmo, o tempo – ou a falta dele. Ampliamos a rede de contatos sim, mas superficialmente. Conversa na hora de tomar um café e debater trabalhos que deveriam ser feitos com antecedência e que foram realizados às pressas e de última hora.
O pior de tudo não é somente a saudade que fica da época em que achávamos o cúmulo estudar três capítulos do livro de história. “É muito conteúdo!”. Reclamar faz parte. Hoje reclamo sim, reclamo de como poderia ter aproveitado mais a melhor fase da minha vida. Reclamo de como a postura que assumo hoje é a da gente velha que eu zombava anteriormente. Pior do que assumir a postura que eu não queria e nutrir o perfil que eu não esperava, é que a tendência depois dos 18 é piorar. Dali a pouco sentirei falta do tempo em que tinha tempo para sentar e relembrar histórias, rever fotografias e dizer que se pudesse, viveria tudo de novo.
A nostalgia tomou conta do meu domingo. Ah, como eu odeio domingos.

7 comentários:

  1. ainda bem que eu tenho uma irmã escritora pra transpor, do sentimento às letras, a nostalgia que senti,curiosamente compartilhada, durante o fim de semana.

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  2. Já vivi muitos momentos nostálgicos em minha vida até que um dia percebi que isso se tornaria um círculo vicioso se eu não parasse de desejar o futuro ao invés de viver o presente. Desde então tento aproveitar o máximo do presente porque na realidade, este tempo é o único que podemos fazer as coisas acontecerem! :D
    Bjos Ana, sinto saudades...
    Janaina Nicolau.

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  3. É.. a nossa pré-adolecencia foi muito divertida! Hoje eu olho pra tráz e fico muito feliz por ter vivido tudo aquilo! É.. eu concordo contigo que a gente sempre viveu esperaaando os 18.. esperaando entrar na faculdade ( eu no caso ainda espero ahaha).. mas na verdade a gente vive uma eterna espera, a gente sempre tá buscando mais, sempre esperando que o dia de amanhã seje melhor doque o de hoje..e é isso que nos faz buscar viver, dá o gostinho da vida! nos dá a felicidade da vitória e as lágrimas da derrota.É triste olhar pra tráz e ver que tudo que a gente viveu já passou. Porém a gente tem que olhar isso com outros olhos. Eu pelo menos fico grata por ter passado por tudo isso bem desse jeitinho! Tudo, TUDO valeu a pena :) Cada momento tem seu devido valor :D sinto muito sua falta querida!!!!
    Beijos!
    Raquel.

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  4. Algumas vezes me pego pensando no passado, de imediato vem aquela saudade, as brincadeiras sem sentido, as gargalhadas, as coisas sérias, as coisas que deveriam ser sérias, bons tempos, não posso reclamar (muito) do que faço hj, pq gosto do que estou fazendo, mas sinto falta dos amigos que antes eram mais presentes... ou de ser mais presente para os amigos, sei lá, mas infelizmente cada um tem que seguir seu caminho, que nem sempre se cruzam com os nossos, mas graças à internet, ferramente que expande as amizades superficiais e aproxima as reais que pela vida foram afastadas, temos um consolo, e tbm sinto um pouco de falta daquele negócio chamado tempo, que me impede de fazer mais coisas do que já faço e ainda ser mais presente na vida dos amigos... acho que um dia de 48hrs p/ mim é pouco, mas enfim, temos que viver e sonhar, pq o passado infelizmente não volta (talvez na física quântica, mas não está ao meu alcance xD), e um dia quiçá viveremos tempos felizes como aqueles.
    =***

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  5. Já viu minha indicação do teu blog?
    Veja: http://odiario.com/blogs/wilameprado/2010/06/20/ana-luiza-verzola-mil-e-uma-utilidades/
    beijo.

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  6. Acredito no teu talento ana!!!
    e sobre a nostalgia...
    vc ainda naum viu nada, espera chegar aos 30! hsuahsuahsuahsuah
    beeeeeijos!

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  7. Aquele azul terrível. Me doiam os olhos. Eu queria tanto poder usar o meu jeans desbotado e o meu all star sujo. Queria usar o meu tênis sem que ninguém olhasse torto. Ora, era um tênis! Fui pra faculdade. Comecei estudar leis. Dormir agarra na Constituição Federal. As pessoas continuaram olhando meu tênis. Meu bom e querido all star. O problema não está nos ambientes. Está nas mentes. Ah (!) essas mentes. E no meio de tantos, tanto iguais a tantos outros. A gente ousa a usar o velho all star e ser feliz. Bem, e ser feliz... ser feliz é chique pra caralho.

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